segunda-feira, 16 de julho de 2007

O RÁDIO NÃO PODE MORRER.

Andando por essas esquinas virtuais, deparei-me com menção ao livro O rádio sem onda – Convergência digital e novos desafios na radiodifusão (Ed. E-Papers), do jornalista Marcelo Kischinhevsky. Jurei não blogar nada sobre tecnologia por aqui, mas como se trata de algo relacionado também a nossa boa e velha nostalgia, resolvi reproduzir a matéria abaixo; não sem antes tecer alguns poucos comentários.
Sempre fui aficcionado pelo rádio; o rádio de todas as instâncias: AM, FM, OC, etc. Aliás, foi através desta paixão que embrenhei-me pelos caminhos da ciência da Eletrônica; quando tinha pouco mais de uma década de vida, montei com peças velhas, meu primeiro rádio; era um "galena" e depois foi se aperfeiçoando, conduzindo-me à certas intimidades com as válvulas e transistores, até que finalmente fui à Califórnia para me formar Engenheiro Eletrônico. Desisti e voltei às Palmeiras onde cantam os sabiás para continuar investindo na mão de obra técnica. A Informática chega, cerca de década e meia depois, seduzindo-me igualmente.
Não satisfeito em surfar por aquela chiadeira dos rádios de ondas curtas, em busca de estações desconhecidas, culturas novas (lembram-se da Voz da América?) instituí estação de radioamador. Chamava-se "Águia de Prata"; seu prefixo, ainda existente, é PX1-J2334. Como me orgulhava de conseguir fazer minha voz percorrer as ondas hertzianas, ser levado a um mundo de novas amizades e conhecimentos. Era lindo quando fazíamos aquelas correntes para levar um remédio específico a lugares remotos do país e atender pessoas que nem mesmo conhecíamos.
Voltei ao radioamadorismo, mas na faixa mais nobre, modulo como PY. O carisma é o mesmo, as brincadeiras, velhas de outrora. "Macanudos" que passam seus dias dedicando-se a conversas amigáveis, sempre recheadas de assuntos técnicos, sedutoramente inseparáveis daqueles que conheceram a Eletrônica antes dos bits e bytes da atualidade.
Um velho rádio AM na cabeceira de um enfermo é companhia melhor que a oração de qualquer freira visitante. Uma criança adormece pensando haver alguém a lhe cantar uma canção, apenas pela presença de um radinho em volume baixo.
Não, tem coisas que a tecnologia não pode substituir assim, jamais! O Rádio Digital é realidade, mas não conseguirá enviar ao limbo do esquecimento as ondas que insistem em se manifestar pelo espaço. Eu, pelo menos, serei um defensor intrépito

O fim do rádio convencional: e agora?


A revolução digital está atingindo em cheio um dos meios de comunicação mais poderosos que existem: o rádio. Quem quiser ficar por dentro do assunto pode conferir o livro O rádio sem onda – Convergência digital e novos desafios na radiodifusão (Ed. E-Papers), do jornalista Marcelo Kischinhevsky. Com a morte da difusão analógica, o rádio está entrando em um novo ciclo que traz tanto o perigo de uma concentração impensável em outras épocas como a multiplicação das rádios com emissões pela internet. Ainda no livro: uma síntese da trajetória do rádio nas últimas décadas, informações sobre o padrão brasileiro de rádio digital, podcasting e rádios digitais por assinatura entre outros temas.